O que te dizem e o que você sabe sobre a escala de trabalho 6x1, veja a opinião da tábula do direito.
- barbosafred
- 14 de nov. de 2024
- 5 min de leitura
Erika Hilton propõe o fim da escala 6x1 como lei, mas é possível que os acordos trabalhistas favoreçam o abuso patronal, ou a deputada propõe fiscalizar os acordos e proteger o trabalhador que tem uma atividade no fim de semana como os comerciários e garis? Conheça a nova coluna: ponto de vista.

Compreendendo a Escala 6x1 e Sua Origem
A jornada de trabalho de 44 horas semanais foi estabelecida pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em 1943 e ratificada na Constituição de 1988.
A escala de trabalho 6x1 se refere ao regime em que o trabalhador atua seis dias seguidos e descansa um dia. Este modelo é definido pela CLT, especificamente no artigo 67. Conforme a CLT, todo trabalhador tem direito a um descanso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos.
Referência Legal:
Art. 67 da CLT: "Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de vinte e quatro horas consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo ou em parte."
A escala 6x1 no Brasil tem uma trajetória longa e complexa. Foi criada para atender às necessidades de empresas que operavam em regime de turnos, permitindo um dia de descanso semanal aos trabalhadores. A ideia era que, ao trabalhar seis dias consecutivos e descansar um dia inteiro, os trabalhadores pudessem equilibrar melhor a vida pessoal e profissional.
No entanto, ao longo do tempo, a escala 6x1 foi alvo de críticas e debates. Muitos especialistas e trabalhadores argumentaram que esse regime pode levar ao esgotamento físico e mental, já que os dias de trabalho são mais longos e intensos. Além disso, a falta de um dia de descanso intercalado (como na escala 5x2) pode afetar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.
A proposta atual para acabar com a escala 6x1 visa abordar essas preocupações. A ideia é promover uma distribuição mais equilibrada dos turnos e dos dias de descanso, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e reduzir os riscos de saúde associados ao trabalho contínuo. Esta proposta está em discussão e enfrenta resistência de algumas empresas que argumentam que a mudança poderia impactar a produtividade e a competitividade.
Em resumo, a escala 6x1 foi uma solução criada para atender às necessidades de empresas em regime de turnos, mas ao longo do tempo, suas desvantagens se tornaram mais evidentes. A proposta atual de fim dessa escala busca melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, promovendo uma distribuição mais equilibrada dos turnos e dos dias de descanso.
Contexto Histórico e Cultural em 1943
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi criada em 1º de maio de 1943, durante o governo de Getúlio Vargas, no período do Estado Novo. O Brasil estava em um processo acelerado de industrialização, e havia uma crescente demanda por regulamentação do mercado de trabalho para proteger os direitos dos trabalhadores. A CLT unificou diversas leis trabalhistas existentes e introduziu novos direitos, como a jornada de trabalho máxima de 44 horas semanais, férias remuneradas e o 13º salário.
Luta de Classes na Época
Em vários países, ocorreram movimentos sociais significativos:
Brasil: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) - Embora o MST tenha surgido mais tarde, em 1984, ele tem suas raízes nas lutas de classes dos trabalhadores rurais que lutavam por terras e melhores condições de vida.
Estados Unidos: Movimento dos Direitos Civis - Durante a década de 1940, o movimento pelos direitos civis dos afro-americanos ganhou força, lutando contra a segregação racial e pela igualdade de direitos.
União Soviética: Coletivização Forçada - A coletivização forçada de terras e propriedades agrícolas nos anos 30 e 40 levou a uma intensa luta de classes entre camponeses e o estado soviético.
Reino Unido: Movimento Operário - A luta dos trabalhadores industriais por melhores condições de trabalho e salários justos foi marcante, com greves e protestos frequentes.
Esses exemplos mostram como a luta de classes era um fenômeno global, com movimentos trabalhistas e sociais ocorrendo em várias partes do mundo durante a mesma época.
Proposta de Fim da Escala 6x1 no Brasil
A proposta que visa acabar com a jornada de trabalho 6x1 no Brasil foi apresentada pelo deputado federal Luiz Carlos Martins (PT-SP) através do Projeto de Lei nº 1.045/2022. O projeto pretende estabelecer a jornada de trabalho de 6 horas diárias, 5 dias por semana, sem perda de remuneração.
Consolidar em Termos Políticos
Consolidar em termos políticos significa estabilizar e fortalecer um sistema de governança ou uma política pública. Isso pode envolver a unificação de diferentes normas e práticas em uma política coesa e eficaz, criando uma base sólida e duradoura para a administração pública. O objetivo é garantir um ambiente político estável, fiscalizador e padronizado, onde as políticas e programas possam ser implementados sem interrupções causadas por instabilidade governamental.
Proposta da Deputada Erika Hilton
A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) propôs uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acabar com a escala de trabalho 6x1, que atualmente permite que trabalhadores trabalhem seis dias consecutivos e descansem um. A proposta visa reduzir a jornada de trabalho para 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias de trabalho, com três dias de descanso.
Pergunta ao Leitor:
O que pensar quando a proposta versa sobre fiscalização e proteção dos trabalhadores?
Erika Hilton enfatiza a importância de garantir que a mudança na legislação não resulte em abusos por parte dos empregadores. Ela propõe uma fiscalização rigorosa dos acordos trabalhistas para proteger os trabalhadores, especialmente aqueles que trabalham em setores que exigem atividades nos fins de semana, como comerciários e garis.
Acordos Coletivos e Convenções
A proposta também sugere que a questão da jornada de trabalho seja tratada em convenções e acordos coletivos entre empresas e empregados, garantindo que as necessidades específicas de cada setor sejam consideradas. Isso inclui a participação ativa dos sindicatos e a criação de mecanismos de fiscalização para evitar abusos patronais.
Benefícios para os Trabalhadores
A PEC de Erika Hilton busca melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, permitindo mais tempo para descanso, lazer e atividades pessoais. A ideia é que uma jornada de trabalho mais curta possa reduzir o esgotamento físico e mental, promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
Mudanças no Novo Século
Muitas mudanças ocorreram no novo século, justificadas como uma forma de modernizar a legislação trabalhista e aumentar a competitividade das empresas. Contudo, muitos críticos argumentam que essas mudanças enfraquecem a proteção dos trabalhadores e aumentam a precarização do trabalho.
Reforma Trabalhista de 2017
A reforma trabalhista de 2017, sancionada durante o governo de Michel Temer, trouxe várias mudanças significativas na CLT. Algumas das principais alterações incluem:
Terceirização: A reforma permitiu a terceirização irrestrita, inclusive para atividades-fim, o que pode levar à precarização das condições de trabalho e à redução de direitos trabalhistas.
Negociado sobre o Legislado: A reforma deu prevalência aos acordos coletivos sobre a legislação trabalhista, o que pode enfraquecer a proteção dos trabalhadores, especialmente em setores onde os sindicatos são menos fortes.
Trabalho Intermitente: Introduziu o contrato de trabalho intermitente, onde o trabalhador é pago apenas pelas horas efetivamente trabalhadas, resultando em rendimentos instáveis e insuficientes.
Redução de Direitos: Alterações em direitos como férias, jornada de trabalho e intervalo intrajornada, que podem ser negociados diretamente entre empregador e empregado, potencialmente em detrimento do trabalhador.
Observe o contexto geral neste texto, que também remete ao histórico (1943, 1988, 2017, 2020...) e perceba a lentidão na evolução das leis trabalhistas no Brasil, visto que mesmo após a Constituição de 1988, houve outros acordos e leis que não foram aquelas que os trabalhadores queriam, efetivamente, e assim caro leitor, vou deixar uma pergunta para Reflexão:
Considerando a proposta de redução da jornada de trabalho e a eliminação da escala 6x1, você acredita que os empregadores irão aderir às novas regras sem resistência, ou será necessário fortalecer a união e a luta dos trabalhadores para garantir que esses direitos sejam efetivamente respeitados, especialmente considerando que muitos políticos evitam confrontar empresários que financiam suas campanhas?
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